Conservadorismo e “Ideologia de Gênero” no Brasil de Hoje
Cláudia Maia
23 de Outubro, 18H | Auditório 2, Torre B | NOVA FCSH (Av. Berna 26C)
Entrada livre
Apresentação da conferência
Nos últimos anos, em consonância com os avanços no campo social e às iniciativas governamentais para promoção da igualdade de gênero, o Brasil tem vivenciado um momento de intensa efervescência do feminismo, podendo-se falar em uma nova e avassaladora onda, tanto no que se refere ao movimento social, quanto ao nível acadêmico. O feminismo brasileiro se tornou mais jovem, mais inclusivo, mais plural em suas pautas, táticas e ações de luta. Paralelo a esse acontecimento – e como reação a ele – ressurge também com maior força o conservadorismo com características visivelmente fascistas, homofóbicas e misóginas. As questões de gênero têm ocupado o centro do debate político e religioso, evidenciado dessa forma como “a política constrói o gênero e o gênero constrói a política”, segundo ressaltou Joan Scott. Nesse sentido, o objetivo da palestra é discutir o conservadorismo hoje no Brasil por meio de dois acontecimentos: a emergência, a parir de 2004, do movimento Escola Sem Partido que tem por objetivo retirar as discussões sobre gênero e diversidade dos currículos escolares e criminalizar os profissionais que debatem estes temas na Escola. A partir de uma leitura deturpada de teorias feministas, especialmente de Judith Butler, esse movimento criou a chamada “ideologia de gênero” que consistiria numa forma de “doutrinação” com a finalidade de interferir na orientação heterossexual de crianças e adolescentes. O outro acontecimento significativo para pensar o conservadorismo brasileiro foi o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016 e os discursos que o sustentou. O que está em pauta é uma reação conservadora ao crescente empoderamento feminino, à maior inclusão dos dissidentes sexuais e à maior equidade nas relações de gênero. Essa reação coloca em risco conquistas históricas do feminismo e a própria democracia brasileira.
Cláudia Maia
Cláudia Maia é doutora em História pela Universidade de Brasília; desenvolveu um pós-doutoramento na Universidade Nova de Lisboa; professora na Universidade Estadual de Montes Claros; líder do Grupo de Pesquisa Gênero e Violência; bolseira BIPDT/FAPEMIG.
Comissão científica e organizadora
Manuel Lisboa
Dalila Cerejo
Ana Lúcia Teixeira